domingo, outubro 11, 2009

"Diário da Tua Ausência" - Margarida Rebelo Pinto


"Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

é tão difícil esquecer e desistir...

sexta-feira, outubro 09, 2009

Nexo Sem Nexo - I

sinto-me só, triste, perdida e sem rumo. sinto que tudo o que dei não valeu de nada. dei o meu melhor e o melhor de mim. e agora estou só. eu aqui num pedaço de terra e tu aí noutro. pouco ou nada sei do teu dia-a-dia quando antes sabia todos os teus passos (ou pensava eu que sabia). dói. pensava que te conhecia e afinal nunca te cheguei a conhecer. vivi numa ilusão de uma pessoa que criei na minha cabeça. o amor cega-nos. fiquei cega, não vi o óbvio, e mesmo assim, ainda hoje continuo cega, pois continuo a querer-te e a amar-te. mesmo depois de toda a avalancha de coisas que tive conhecimento de ti, continuo a sentir o amor mais profundo por ti e dói (e muito) quando sou sujeita ao teu silêncio. Mesmo com todas as coisas negativas, nunca me arrependi de ter estado a teu lado, estaria de novo, como estive à bem pouco tempo quando precisaste de apoio. só que agora preciso eu de apoio e não o tenho da pessoa que queria e quero. no cinema todo o enamorado, numa intervenção mais ou menos grave, mais ou menos simples, tem a seu lado a pessoa que ama, para lhe segurar a mão, para lhe dar um último beijo antes da entrada no bloco operatório. tu tiveste a minha mão e meu ombro amigo no pós-operatório, não tiveste no pré-operatório porque não o quiseste. preferiste o pós e eu respeitei. agora vai chegar a minha vez e nem no pré nem no pós irei ter-te a meu lado. nem antes, nem durante nem depois. dói. a presença de amigos e familiares não me vai tirar a profunda tristeza de não te ter. pois a mim bastava-me apenas ter-te a meu lado. ao contrário do que pensas não sou uma pessoa forte, sou fraca. tenho medo e esse medo não o partilho com ninguém. é uma intervenção banal, eu sei, mas tenho medo. preciso de ti meu amor, mesmo que já não queiras ser o meu amor. a vida deveria ser como no cinema. deveria entrar no bloco e a última visão ser a tua, o último sabor ser o sabor do teu beijo e o último sorriso ser o teu a dizer-me "até já, estou aqui contigo". mas não será. estás e estarás longe e viverei um medo silencioso quando chegar a hora da anestesia... dói.

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