quarta-feira, março 30, 2011

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio. 

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
 

Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Autoria: Eugénio de Andrade

domingo, março 06, 2011

blogdaloura.blogs.sapo.pt
Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente

Desculpa,

Tudo que vivi foi profundamente
Eu te ensinei quem sou
E você foi me tirando
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta

Eu que sempre fui livre,

Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?


Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade

De me inventar de novo

Desculpa se te olho profundamente, rente à pele

A ponto de ver seus ancestrais
Nos seus traços

A ponto de ver a estrada muito antes dos seus passos


Eu não vou separar as minhas vitórias

Dos meus fracassos

Eu não vou renunciar a mim


Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser

Vibrante, errante, sujo, livre, quente

Eu quero estar viva e permanecer

Te olhando profundamente. 

Autoria: Ana Carolina

sexta-feira, março 04, 2011

Para ti (O.C.) minha amiga de todas horas...

 
Obrigada pela tua amizade, carinho e paciência para aturares todos os meus lamentos... Obrigada pela partilha de momentos de alegria e tristeza... Gosto-te ;)


Foto: Luis Lobo Henriques

Minha azálea minha hortênsia,
minha voz da sapiência,
minha amiga meu porto de abrigo e confiança
és o meu mar de esperança.

Autoria: IlhaDeBruma

Foto azálea: http://algarve-saibamais.blogspot.com/2011/01/azalea-flor-que-representa-alegria-de.html
Minha azálea minha hortênsia,
minha voz da sapiência,
dá-me o doce dos teus lábios
e neles satisfazer todos os meus delírios.


Minha azálea minha hortênsia,
minha voz da sapiência,
deixa-me entregar à perdição
e nela perder-me num desejo de eterna paixão.


Minha azálea minha hortênsia,
minha voz da sapiência,
amo-te sem medida nem preço
e o teu amor é tudo o que peço.

Autoria: IlhaDeBruma

Etiquetas